Rota do Queijo Paulista – Cicloturismo

Caminho do Queijo Artesanal Paulista

 

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Texto: Ricardo Gaspar

Em setembro de 2017, com o objetivo de mostrar que queijo de qualidade podia ser encontrado sem viajar para fora, foi lançado um projeto dentro do Estado de São Paulo, da criação de um selo de qualidade, que garantia que as queijarias atendiam as mais altas especificações na produção de queijos de alta qualidade, e próximo a capital temos lugares incríveis, cada qual com suas particularidades e histórias, oferecendo aprendizado e experiências.

O consumo de um produto hoje, muito mais que aquilo que você retira da embalagem, carrega todo um processo até chegar na sua mão, poder conhecer a procedência, método de produção e a história do produtor, muda completamente o significado e a forma desse consumo.

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Partindo da ideia, que não existe forma melhor de conhecer qualquer lugar que utilizando a bicicleta, fiz um levantamento de todas as queijarias e desenhei percursos que levassem ao local, onde pudéssemos, conversar com o produtor, fazer uma degustação entendendo um pouco mais das diferenças e replicar para que mais pessoas tivessem a oportunidade de conhecer esses lugares, que preservam a alma e os princípios de sustentabilidade e muito amor no que fazem.

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Quando resolvi seguir pela trilha de realização de eventos, sempre foi claro, que a bicicleta seria o meio, mas o propósito primeiro seria a humanização através do contato com a natureza, a preservação do meio e o fomento da economia pôr onde passarmos, incentivando e valorizando o pequeno produtor, para que ele possa fazer a diferença em seu entorno.

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Já estive em quase todas as queijarias com grupos, e posso afirmar que cada uma delas tem uma história diferente, mas todas encantadoras, pessoas que largaram a vida corporativa para acreditar num sonho, outros herdaram da família a fazenda e foram se moldando, uns literalmente apaixonados pelos laticínios, enfim, sentar com uma tábua de queijos, produzidos logo ali ao lado e acompanhar as palavras e olhos brilhando de quem fez aquilo a partir da vaca, ovelha que é chamada pelo nome, no fundo do salão principal, muda completamente o sentido do pedaço de queijo, aliás, quantos queijos deliciosos de tantas formas e cores.

As principais queijarias da Rota do Queijo:

Capril do Bosque: Joanópolis (pausado)

A reconhecida queijeira Heloisa Collins, está desde 2010, produzindo os mais reconhecidos e premiados queijos caprinos do país, com leite fresco de rebanho próprio, alimentado naturalmente. O famoso Azul do Bosque, é a única versão do queijo azul de cabra no país. O bistrô é muito charmoso, com uma área aberta e oferece pratos também. O trajeto pode ser feito a partir de extrema subindo a Serra do Lopo ou uma travessia saíndo por Piracaia, elaboramos os dois trajetos dependendo do grupo.

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Fazenda Atalaia: Amparo

Fazenda centenária do século XIX, uma das cidades mais importantes na era de ouro do café, com uma riqueza arquitetônica conservada. A fazenda conserva as paredes de taipa que estão sendo reconstituídas a sua forma original, a câmara de maturação não é refrigerada, característica única da queijaria. Rosana e Paulo iniciaram vendo produtos de porta em porta, e conquistaram medalha de ouro no World Cheese Awards com o queijo Tulha. O percurso tem boas subidas, em um trajeto circular misto de terra e asfalto, muito divertido.

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Fazenda Santa Luzia: Itapetininga

Tenho um carinho especial pelo casal Maristela e Martin, o dia que estive lá estava chovendo sem parar, fui assim mesmo, na volta com lama até nos pensamentos, ela me deu toalha e sabonete e me jogou dentro do chuveiro. Na saída uma boa conversa com o Martin, sobre a criação do gado Simental, os 18 tipos de queijo, a beleza da coloração com beterraba e a degustação do Giramundo e premiado queijo Tropeiro que é coberto por cinza vegetal. O trajeto é linear e lindo por Sarapuí.

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Laticínios Montezuma: São João da Boa Vista

O queijeiro Fábio Pimentel, já gostava dos queijos de búfala e aproveitou a fazenda da família para produzir, o que ele não comia, ele vendia e entregava num Fusca 1973. Hoke ele conta com 600 animais e produz 24 receitas diferentes. Pela distância de São Paulo o ideal é passar o final de semana na região.

Pé do Morro: Cabreúva

Uma das mais próximas de São Paulo, aos pés da Serra do Japi, faz parte do Sítio 7 luas da família do Erico Kolya, que trabalhou por anos no mundo corporativo, até decidir buscar algo que fazia sentido para ele, foi trabalhar em fazendas fora do país em troca de cama, comida e aprendizado. Quando voltou decidiu aplicar o conhecimento, e hoje além do Sol do Japi, Pá e Granito, também tem uma pequena produção de azeite e vinhos. O projeto é em breve poder contar com acomodações em que os hóspedes tenham uma imersão junto a natureza. O trajeto pode ser circular com um misto de asfalto e terra ou linear, ambos passam pela tradicional Estrada dos Romeiros.

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Pardinho Artesanal: Pardinho

Localizado em uma das regiões mais bonitas do interior paulista, a Fazenda Sant’Anna criava gado de raça como a Gir, com a qualidade da matéria prima o queijo foi uma consequência. A Pardinho Artesanal conta com o que tem de mais moderno na esfera técnico laboratorial, e os queijos são maturados em caves por 15 meses. Entre as receitas temos o Cuesta, o Cuestazul e o Mandala. Temos algumas rotas disponíveis dependendo do nível do grupo, pois Bofete, Pardinho e Botucatu, tem subidas pra todos os gostos.

 

Queijaria Belafazenda: Bofete

A mais novinha do grupo, também localizada na Cuesta, a veterinária Carolina Vilhena, decidiu dedicar se integralmente a produção de queijos, a matéria prima vem da raça Jersey. Os destaques são o Soberano, Azul de Bofete e o Bem Brasil Rústico.

Queijaria Rima: Porto Feliz

O casal de queijeiros Clara e Ricardo Rettman, utiliza queijo de ovelha na produção de queijos, iogurtes e coalhadas, Ricardo já trabalhou nas olimpíadas, já morou por quase uma década no Amazonas entre os índios, e hoje utiliza a fazenda da família para dar vida a suas criações. Os principais destaques o Porã, Guaianá e o Porto Feliz. O trajeto de bicicleta é circular com paisagens lindas entre estradas rurais.

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Leiteria Santa Paula: São João da Boa Vista

A Leiteria da queijeira Paula Florence é adepta do estilo mais natural, cria vacas da raça Girolanda, alimentadas com pasto e os bezerros criados aos pés das mães, sem aplicação de hormônios. Resultado é matéria prima de qualidade e o xodó da casa é o queijo Fermier, que nasceu por acaso, mas essa história você vai ouvir dela própria.

A One Bike Hub, criou rotas exclusivas por essas principais queijarias, apresentando um pouco do local em que estão sediadas, conhecendo a história de cada uma delas da boca do próprio fundador e oferecendo a possibilidade de degustação dos produtos junto com as informações importantes.

Acreditamos que esse seja o papel mais importante do cicloturismo nessa nova economia, de valorizar o que tem procedência, o que é feito de forma sustentável e orgânica e valorizando que fazem a diferença na economia local.

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