Primeiro Pódio

“O 1º pódio a gente não esquece”

Texto Flávio Taleb

 

Nesse domingo aconteceu a 4ª etapa do Circuito Eco Duathlon, no Parque Várzea do Tietê. A prova consiste em correr 5 km, pedalar 20 km e correr mais 2,5 km no final, e é dividida nas categorias mountain bike ou speed.

A largada da prova aconteceu as 7:45 hs para ambas categorias. Como já tinha dito no relato do duathlon anterior, a corrida não é o meu forte, apesar de estar treinando para melhorar meu ritmo médio. Incrivelmente, fui bem nos primeiros 5 km, o que me deu uma boa oportunidade de descontar a diferença na bike, que é o meu forte. Sabia que teria de imprimir um pedal forte, e fiz, mantendo a média em 28/29 km/h, apesar do forte vento que me forçava a colocar muita força nos pedais. Me senti muito bem, estava confortável, mesmo com o esforço próximo do máximo que eu consigo impor.

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Terminando o pedal, faltavam os 2,5 km finais de corrida. Esse é o que acaba comigo, ainda não estou confortável com a transição do pedal para a corrida. Sei lá, dói, a perna fica pesada, fico ofegante demais, em resumo, me arrasto até a linha de chegada. Mas mesmo me arrastando, ainda fiz um bom tempo.
Cruzada a linha de chegada, me recuperei, tomei água, comi frutas, mas o resultado ainda não tinha saído. Ai vem a ansiedade, porque eu fui para a prova sabendo que tinha chance de pódio, de uma colocação boa. Fiquei ali, junto aos amigos que também fizeram a prova, acompanhando a premiação, correndo o risco de perder um longo tempo de espera, ou de subir ao pódio e conquistar meu primeiro troféu desde que iniciei nesse esporte.

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Eles já sabiam que tinham conquistado troféu, estavam só esperando a hora de serem chamados. Eu, torcendo, acreditando, confiando no que havia feito na prova minutos antes. Os 30 minutos de premiação da categoria speed pareceram 3 horas. Chegada a hora da premiação mountain bike, fiquei de fora dos 5 primeiros da geral, até então tranquilo. O locutor começa a chamar os 3 primeiros de cada categoria, chega a minha hora, categoria 25 a 34 anos, o locutor fala “Em 3º lugar, mountain bike masculino, categoria 25 a 34 anos, Flávio Taleb”. A sensação é incrível, mistura de alegria, satisfação, missão cumprida. Muito bacana ter os amigos competidores ao lado aplaudindo, gritando, parabenizando.

Subir ao pódio, olhar ali de cima, ter o troféu na mão, para mim é a realização de um desejo, até um sonho. Toda vez que ia para uma prova, retirava o kit de competição, ou via a premiação, me perguntava: “Será que algum dia subirei ali ?”. É, subi !! Para muita gente isso não significa muita coisa, mas para quem acorda cedo, treina, se esforça diariamente em busca de melhora no desempenho, segue uma dieta restrita, isso não tem preço.

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Que venham as próximas provas, com ou sem pódio, mas sempre com superação, tentando entregar o meu melhor.

Legado das Águas

Reserva Votorantim

Texto e Fotos Ricardo Gaspar

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Um pedaço de terra no Vale do Ribeira contou, em parte, com a sorte de ter uma topografia montanhosa e um solo não tão rico, tornando difícil o uso para plantações e pastagens. A economia pouco se desenvolveu e a base econômica, entre outras produções, passou pela extração de madeira e cultivo de banana.

Inserido nos municípios de Juquiá, Miracatu e Tapiraí, distante 130 km de São Paulo, encontra-se o Legado das Águas – Reserva Votorantim, com 12,5% da sobrevivente Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados no planeta.

O empreendedor Antônio Ermírio de Moraes, quando decidiu ampliar a produção de alumínio, percebeu que não teria energia suficiente para isso; e produzir sua própria energia era a solução. Enxergou o potencial hidrelétrico do Rio Juquiá, que ficava próximo à indústria, que deu origem à cidade de Alumínio, SP.

O próximo passo era a construção das barragens e proteção do leito dos rios, que só era possível adquirindo os terrenos que cercassem a área e conservar rios e floresta. Até meados de 1980 foram construídas sete usinas hidrelétricas para atender à demanda da produção. Em 2012, inserido nesse espaço privado, foi criado o Legado das Águas, a maior reserva privada de Mata Atlântica do país.

Desde a criação oficial do Legado das Águas, um dos planos era a abertura pública. Muitos atributos naturais, com potencial para se tornarem atrativos ecoturísticos, entre eles o ciclismo e mountain bike, necessitam de estudo aprofundado para validação e planejamento para oferecer serviços adequados.

Foi em uma conversa informal, que recebi o convite para levantar o potencial ciclável do Legado. Sem ainda ter ideia da dimensão da Reserva, marquei a data, preparei os equipamentos e aceitei essa mistura de desafio e oportunidade. O caminho é o da BR 116 e depois ainda encarando mais 40 km de terra, já com cara de puro mountain bike. A partir da metade já fica bem bonito e chegamos ao portão da primeira Usina. Identificação feita, cancela aberta e mais 20 km até o alojamento, onde já chegamos boquiabertos com a beleza do lugar.

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Me senti Neil Armstrong entrando no Jurassic Park! Pedalar em um lugar nunca antes pedalado, com aquelas montanhas verdes e represas enormes, poucas pessoas, nenhum barulho – exceto dos animais e do vento… Certeza que em algum momento sairia o T-Rex e pularia a minha frente.

Fui recebido pelo Biólogo Thiago Nicoliello, que deu uma breve explicação e um livro para conhecermos a história e um pouco do trabalho deles – prestando atenção e com as pernas já balançando, louco para pedalar por lá. Partimos para visitar duas usinas, a de Porto Raso e de Alecrim.

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O terreno é um estradão largo, com muito cascalho e pedras soltas, com uma vegetação alta e abundante dos dois lados, que parecem grandes ondas verdes.
A altimetria é razoável, com boas descidas e subidas longas, mas o que enche os olhos é a riqueza ambiental. No trajeto, as duas represas são simplesmente lindas e é possível encostar a bike e encontrar cachoeiras, bicas de nascente com água cristalina, parar para comer morangos silvestres, entrar numa caverna artificial de exploração, onde um dia poderá haver passeios de caiaque, uma pedreira que é ponto de encontro de jaguatiricas e sapos, uma comunidade tradicional, uma figueira de 200 anos… Enfim, dos quase 80 km possíveis, passamos boa parte do dia e rodamos 25 km.

O Thiago nos falou sobre muitos dos projetos do Legado das Águas; contou que existe um trabalho muito sério com as orquídeas – no qual realocam os espécimes quando as árvores caem; o projeto de telhado verde; como conseguem fotografar animais silvestres e arredios; a dificuldade de conservar o palmito Juçara (ameaçado de extinção), que chega a valer R$ 3 mil o quilo, porque palmiteiros entram para extrair de forma clandestina. Inclusive já estudam em criar uma nova finalidade, que seria o açaí Juçara, que preservaria a árvore e teria o potencial comercial.

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Voltei encantado do local, onde o ar é puro, passarinhos coloridos, a agua é limpa e tudo pensado de forma sustentável, deixei claro que voltarei para conhecer a Barragem de Serraria que não deu tempo e pedalar o que faltou.

O Legado das Águas pretende abrir as portas ao público em 2017, com diversas atividades e me alegro em saber que muita gente poderá pedalar e conhecer esse paraíso, agora a responsabilidade é nossa, de mostrar que merecemos conviver com a natureza. As fotos mostram um pouco do que vi nesses dois dias, mas muito distante de vivenciar isso.



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Pólo Cuesta

Eco Cuesta

As cidades de Botucatu, Bofete e Pardinho, fazem parte do Pólo Cuesta, termo que se refere ao planalto ligeiramente inclinado, constituído por duas superfícies, uma encosta abrupta e outra mais suave.

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A região é um convite para quem gosta de esportes, e no mountain bike, a diversidade que existe de trilhas pode satisfazer o gosto dos mais exigentes.
A beleza natural é encontrada nas paisagens dos vales, nas formações rochosas, na vegetação abundante, cachoeiras, no ar puro e céu azul.


O local tem algumas lendas, como uma rota de passagem dos Incas, denominado Peabiru (junção de pe e biru, caminho para o Peru, ou caminho para a montanha do sol; biru era como os Incas denominavam seu território), e nas formações rochosas eram onde aconteciam os rituais, hoje usado para contemplação e meditação, tendo sempre que ter um cuidado extra, pela quantidade de cobras que ali vivem.
Já é possível encontrar sinalização da Rota do Peabiru, uma ciclorota nos moldes do caminho da Fé, está sendo montada e promete ser uma experiência incrível aos peregrinos ou bicigrinos que encararem o desafio.


O grande marco natural é o Gigante Deitado, rochas esculpidas pela erosão do vento no solo, que se assemelham a um grande gigante com a barriga para cima, a parte da barriga ainda possui vegetação nativa, e a parte que seriam os pés são formadas pelas Três Pedras, onde é possível chegar pedalando, com garantia de muito suor e esforço.
Nós optamos por fazer a Trilha da Pedra do Indio, o ponto de partida foi a cidade de Pardinho, distante 200 km da capital paulista, o ponto de referência é a estação da Sabesp, onde é possível deixar o carro zerar o odometro e partir.
O asfalto é companheiro nos primeiros quilômetros, até uma terra vermelha e um verde abundante passarem a tomar conta da paisagem. Seguimos até o bairro ou fazenda Demétria, onde o destaque são os produtos naturais e orgânicos sem uso de agrotóxicos, com suas bio lojas , lagos e restaurantes.

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Deste ponto começam as subidas ora com pedras, ora com areia fofa e ora com chão batido, passamos por grandes lagos e a trilha em grande parte é aberta, pode mudar dependendo da colheita dos canaviais e seguimos até a fazenda particular da Pedra do Indio.

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Chegamos praticamente a beirada do penhasco com nossas bicicletas, e garanto que é impossível não ser tomado pela paisagem, um dente de pedra pairando no céu, com todo vale e seus tons de cores abaixo, o céu azul e o sol brilhando, fazem o coração palpitar mais forte, e para os corajosos, chegar mais perto da beirada, para se encher de inspiração.
Certamente, posso afirmar que é um dos lugares mais bonitos do Brasil para pedalar e ter contato com a natureza, voltamos no mesmo sobe e desce, dessa vez motivados pela chegada no conhecido Bar do Vivan. Ponto de encontro de esportistas e regionais, para nos deliciarmos com a famosa coxinha, que você faz questão de dividir com os papagaios que descem do telhado de árvores, para pedir um pedaço, acompanhada de uma tubaína bem gelada e a visão do vale abaixo.

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